terça-feira, 27 de setembro de 2011

Mulheres invadem o mercado de segurança

 A imagem do profissional de segurança sempre esteve ligada ao universo masculino. Por se tratar de uma profissão que muitas vezes necessita do emprego de força física, é comum que todos associem a figura do agente de segurança a um homem forte e mal-encarado. Mas esta realidade está mudando. Em 2010, o setor de segurança privada acompanhou um crescimento de 20% na atuação de mulheres neste mercado. A média salarial do setor, e o aumento de oportunidades para profissionais da área são alguns dos atrativos que impulsionam o público feminino.

Apesar de alguns torcerem o nariz quando o assunto é o crescimento das mulheres no mercado de segurança, o fato é que elas vêm se destacando em trabalhos que envolvem a proteção de crianças e idosos, além de estarem conquistando a maior parte das vagas na segurança de maternidades, creches, e setores femininos. Nestas áreas de atuação elas já ocupam 60% das vagas disponíveis.

Há alguns anos, a figura da vigilante feminina surgiu como alternativa para ambientes onde a presença masculina não era conveniente, devido a grande circulação de mulheres, como por exemplo, em lojas de roupas. Para alguns especialistas, a presença das mulheres em determinadas funções torna o trabalho mais simples e eficaz, pois mulheres e crianças se sentem mais à vontade na presença delas. Como a agente de segurança feminina tende a ser mais carinhosa, gentil e demonstrar mais atenção com as pessoas é normal que elas se sintam mais protegidas.

As mulheres também se destacam por seu poder de observação, que segundo os especialistas é maior que o dos homens, e no trabalho de vigilância é fundamental na antecipação de situações de risco.

O treinamento para o exercício da função é o mesmo exigido para os homens. São 160 horas de treinamento intensivo, e a especialização é necessária para garantir uma vaga no mercado. E as oportunidades não param por aí. Depois de se tornar uma agente, as mulheres ainda podem, assim como os homens, serem supervisoras de segurança e gerentes, conquistando cargos de maior responsabilidade e consequentemente melhores salários.

E não é só na segurança privada que elas vêm conquistando espaço. A segurança pública também abriu suas portas para as mulheres, como é o caso da Delegada Martha Rocha, que se tornou a primeira mulher a chefiar a Polícia Civil do Rio de Janeiro. A Delegada assumiu o cargo no lugar de Allan Turnowski, afastado após uma operação que investiga denúncias de corrupção.

Martha Rocha entrou na polícia em 1983, e no início da carreira foi a única mulher no plantão da 14ª DP (Leblon). Ao longo desses anos, foi titular de delegacias, subchefe e corregedora de polícia, construindo uma carreira de respeito na instituição. Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil, além de Martha há mais 35 mulheres no controle de delegacias no Estado.

Em recente entrevista, Martha Rocha afirmou que a presença das mulheres no mercado de segurança é uma quebra de paradigmas, e que ser a primeira mulher a ocupar este cargo é uma responsabilidade muito grande. A Delegada disse ainda que sempre foi muito bem recebida pela instituição, e que nunca enfrentou qualquer tipo de resistência pelo fato de ser mulher.

Na polícia Militar do Rio de Janeiro, a presença feminina também já é uma realidade. Elas já ocupam diferentes posições na corporação, e assumem cargos de chefia com competência e dedicação.

A Major Pricilla de Oliveira Azevedo é um exemplo disso. Após comandar durante dois anos a Unidade de Policia Pacificadora (UPP), da comunidade Santa Marta, em Botafogo, ela assumiu a coordenadoria-geral de todas as UPPs do Rio, função criada recentemente pela Secretaria de Segurança.

Pricilla será a primeira mulher policial a ocupar a função, e deverá normatizar e padronizar as ações das UPPs em todas as 14 unidades já instaladas e nas próximas a serem inauguradas. Pricilla, que durante o tempo em que esteve no Santa Marta, conquistou a confiança e o carinho dos mais de seis mil moradores da comunidade, se mostra feliz com a oportunidade. "Eu me envolvi muito com a comunidade e estou triste por deixá-los, mas ao mesmo tempo estou feliz, pois sei que será uma grande chance de contribuir com o projeto e levar minha experiência para outras unidades”.

Hoje, aos 33 anos de idade, a Major conta que iniciou sua carreira na Polícia aos 20, e que nunca enfrentou dificuldades por ser mulher. “Eu nunca tive um único problema por ser mulher. Se você tem postura, nunca vai colocar sua competência em dúvida". Na opinião de Pricilla, o mercado está se abrindo, e a responsabilidade é grande. “A sociedade ainda está caminhando para a igualdade, e eu me sinto com muita responsabilidade”.

O trabalho na área de Segurança também é motivo de orgulho para a coronel Luciene Magalhães de Albuquerque, subchefe do Estado Maior de Minas Gerais. Há cerca de trinta anos na Polícia Militar mineira, ela conta que quando entrou na corporação fazia parte de uma minoria. “Quando entrei na polícia, a presença feminina na corporação era uma novidade. Os homens eram quase 100% na instituição”. Na opinião da coronel, a presença das mulheres na polícia trouxe mudanças para a instituição, pois as mulheres tem mais facilidade no trato com as pessoas.

Luciene Magalhaes foi a primeira mulher a conquistar a patente de coronel em Minas Gerais. Em 1992, ela comandou uma tropa de 275 homens, e no ano de 2004, no comando do 34º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais, em Belo Horizonte, chefiou 800 pessoas.

A segurança é um dos maiores e mais lucrativos segmentos da economia do país, e é muito importante que as mulheres conquistem seu espaço, com competência e respeito. A igualdade de direitos traz benefícios aos profissionais e ao país.


Fonte: Revista Segurança & Cia

Nenhum comentário:

Postar um comentário